quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

15, quarta, dezembro, fim da primavera...

São 06:31. Ontem fui dormir em oração, pedindo cura para meu espírito abatido e meu corpo, que insiste em resistir aos antibióticos que tomo há 9 dias, por causa de uma sinusite tremenda, consequente de um vírus quase mortal de gripe. Tenho, ou melhor tinha (pois acordei muito melhor e não há outra explicação, a não ser  a de meus pedidos em oração atendidos), o ouvido direito em quase total surdez. Ontem, ao deitar, pedi também que fosse liberta do rivotril, que estava tomando que nem xarope antes de dormir e no meio da madrugada. Dormi  incríveis 7 horas corridas, sem uma gota sequer do bendito clonazepan.Sonhei! Sonhei uma porção de sonhos estranhos e para os analistas de plantão, acredito que sejam significativos. Primeiro sonho: Estava com    meu primeiro marido, falando de nossos filhos. Eu olhava para ele com tanta profundidade, sentia mágoa, mas via nele beleza e me recordava de quando me apaixonei, das coisas que dizíamos, dos planos que fazíamos... Ele, no meu sonho, estava com os cabelos totalmente brancos, mas os olhos verdes e tristes. Não estávamos juntos como um casal, mas estávamos ao menos conversando nostálgicos, com um enorme pesar. Depois deste episódio, me vi num bairro muito pobre.Um lugar meio sujo. Uma criança queria voar segurando um balão cheio de gás hélio. Ela não conseguia ir além do que poucos centímetros do chão, então amarrou um segundo balão no punho e conseguiu subir, mas, por segurança, uma mulher adulta, que não sei identificar quem era, colocou-a num quarto com paredes e teto baixo, assim, a menina batia nas paredes e no teto e entre um esbarrão em cima e outros nas laterais, ela reclamava porque queria ir além, queria ir para fora do quarto ou então que o teto se abrisse. Eu, que apenas olhava a cena, saí daquele lugar e encontrando a rua, identifiquei que estava muito próxima da rodoviária da minha cidade... O resto dos sonhos não me lembro...
Sei que acordei as 6. Parecia que havia voltado de uma cirurgia (já fiz algumas e sei exatamente como é a sensação). Demorei um pouco pra reconhecer meu próprio quarto. Talvez eu tenha estado em algum hospital de algum lugar na espiritualidade, pois estava um pouco entorpecida. Fiquei sem me mexer na cama e aos poucos senti o travesseiro sob minha cabeça, o edredon sobre mim, lembranças da noite anterior, do fim do dia anterior... Percebi o ouvido melhor e estendi a mão, tateando o criado mudo, procurando por meu celular, com medo de que ainda fosse algo em  torno das 4 da manhã. Seis horas! Respirei aliviada. Lembrei das orações, das últimas linhas do livro que li, do evento do lançamento do livro de meu amigo César Póvero, na livraria Cultura do Shopping Iguatemi e de um acontecimento, que por ora não vou relatar (também guardo alguns poucos segredos). Tenho na cabeça alguns instantes do evento, pois ontem eu estava no ápice da minha surdez. Me senti alterada, como se tivesse usado alguma droga. Não ouvia nem mesmo a minha própria voz. Fiz a leitura do conto da Mulher Livro e não me recordo como foi. Me recordo de algumas imagens e diálogos. Me recordo de ver minha parceira Ceci lendo o conto "Rapunzel", sentada sobre o balcão e seu marido olhando-a com admiração. Lembro do Lênio segurando a bolsa da Fernanda, perguntando:
-Alguém viu minha mulher?
-Eu vi, ela estava saindo por ali acompanhada de dois mocinhos! Respondeu a Flávia.
-Eles eram bonitos? Porque eu me preocupo com a minha esposa!! Lênio, como sempre, de uma presença hilária. Lembro que foi o único momento que ri.
Depois saímos [eu, Lúcia, filhos e filhas com seus respectivos (as) namorados (as)] para o Mac Donalds. Há muito tempo não comia um fast junk food como este. Saboreei batatinha por batatinha mergulhadas em porções generosas de catchup... Terminei a noite sentada num café, comendo um alfajor, na companhia de meu estimado diretor de teatro, Oswaldo Riguetti. Ficamos ali, enquanto meus filhos passeavam pelo shopping. Ficamos calados,quase não falamos e depois de algum tempo, encontrei os mocinhos e voltei para minha casa. Assim encerrei dia 14 de dezembro.
Hoje, dia 15. Dia de pagar algumas contas. Dia de encarar a chuva lá fora, de ir ao médico, de Mel voltar para Minas, de continuar vivendo...

Um comentário:

  1. Sempre que leio o que vc escreve, fico na maior dúvida se vc é melhor atriz ou melhor escritora. Acabo ficando com os dois...Vc é ótima!!!

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