terça-feira, 25 de agosto de 2009

Dias Melhores

Dias Melhores... Nada original, mas a música não poderia ser outra! Este vídeo fiz para o projeto Adole-Ser, do Instituto Renovo! Incentivando adolescentes e jovens a sonhar e construir um futuro melhor!

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Súplica

Eu nasci em março. Numa das regiões mais bonitas do Rio de Janeiro. Apenas o hospital ficava aos arredores da lagoa Rodrigo de Freitas. Minha casa era situada em Jacarepaguá. Passaram muitos anos desde então, e tenho um script longo, cheio de tramas, de momentos trágicos, não piores que Medeia, mas quase próximos, alguns engraçados e alguns tediosos, de fazer qualquer platéia dormir... Do Rio, vim parar em Campinas, não antes de Porto Alegre e São Paulo. Nutria uma imensa curiosidade em como seria meu futuro. Aos 10, sonhava em ter 15, dos 15, 18, aos 18, 21. Depois disso parei. Agora, há alguns meses de completar 40, fico tentando embalsamar cada momento. Um assombro diante da vida tomou conta de mim nestes últimos dias. Casei, engravidei. Operei a vesícula. Engravidei, abortei, chorei. Engravidei, amamentei, engordei 23 quilos. Dieta, recuperei a forma. Sou mãe, projeto realizado. Divorciei, projeto frustrado. Casei-me de novo, tive um cão. Separei pela segunda vez, projeto frustrado. Meu cão fugiu. Ingrato. Estudei, fiz carreira. Fiz teatro, drama, comédia, peças lindas, algumas nem tanto. Um monte de amigos, festas legais e outras nem tanto. Perdi amigos, fiz outros. Fui católica, fui espírita, fui à cartomante, em reiki, em mãe de santo... Fui fumante. Agora odeio cigarros. Escrevi poesias de amor, escrevi peças de teatro, escrevi carta de demissão, assinei carta de demissão. Sonhei em ser famosa, sonhei em ser reconhecida, sonhei em ser amada. Achei que nada disso acontecia comigo. Hoje acho que não preciso exagerar. Já me achei feia, já me achei maravilhosa, hoje me acho. Fiz lipo, botei silicone, tirei silicone e botei de novo. Uso creme anti-age, filtro solar e máscara hidratante para o cabelo. Tenho escova progressiva. Tenho estrias, tenho celulite. Tenho saldo no vermelho... Tenho amigos, não tenho um amante. Tenho um amor impossível, alguém para sonhar com, quando o coração está muito vazio. Tenho medo da violência, tenho medo de câncer e de canal no dente, pois o único me custou uma fortuna. Nunca fui ao nordeste. Já estive na Argentina e nos Estados Unidos. Amo comida francesa. Não como há mais de três anos, mas às vezes vou ao japonês. Já quis outro filho, hoje apenas netos. (deixando bem claro que não é bem HOJE, é para este outro futuro que resolvi congelar). Morei em bairro, hoje moro no centro da cidade. Já me senti o centro de tudo, já me senti a margem do nada. Já esperei o telefone tocar para um encontro, para uma notícia de cura, para uma oferta de trabalho. Já atendi desaforos, comunicados de falecimento e já paguei 20 reais de conta telefônica, de uma única conversa inútil e engraçada com uma amiga que via diariamente... Cantei no chuveiro, no videokê, no palco. (juro que nunca mais quero cantar no palco). Já errei texto, já improvisei de arrancar gargalhadas, já chorei de verdade em cena. Já arremessei copo na parede, gritei palavrões, contracenei histórias de enlouquecer o replicante.
Estou aqui, no décimo andar de um prédio antigo, no centro da cidade onde moro. Quero meu cão comigo, quero amigos verdadeiros, meus filhos com saúde, quero fazer cirurgia de varizes, outra lipo, outro emprego, quero o mestrado, quero um amor... Estou de saco cheio de tonalizar os cabelos para não mostrar os fios brancos, estou cansada de lutar com minha conta bancária, com a situação econômica do país, com a minha falta de criatividade. Cansei de lavar as mãos 50 vezes ao dia com medo dessa gripe A H1n1. Ando chorona demais, preocupada com um futuro que não quero que chegue, que quero que pare. Mas não pode! Como vou parar minha história assim, sem um final? Fica parecendo preguiça... Mas é só cansaço, nunca fui preguiçosa. É que eu queria que fosse agora. Que meu telefone tocasse e que tudo fosse assim, num piscar de olhos, num estalar de dedos. Sei onde começou. Sei onde houve erros, onde houve acertos... E sei onde vou terminar. Só não tenho como saber o que resta, o que espera. Queria que esta ansiedade se fosse. Partisse, sem partir meu coração.

“Estendo minhas mãos para ti,
Como a terra árida tenho sede de ti.
Apressa-te em responder-me Senhor!
O meu espírito se abate (...)
Faze-me ouvir o teu amor leal pela manhã,
Pois em ti confio...” salmo 143: 6-8

sábado, 1 de agosto de 2009

Lua Branca



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Amanheceu. Graças a Deus havia sol. É sábado. Para os que me conhecem não gosto de chuva em dia de sábado. Abri a janela ainda deitada na cama. Ergui os braços e puxei a veneziana. Sempre quis minha cama com a cabeceira na janela. Depois de anos dormindo num quarto onde isso não era possível, hoje a tenho estrategicamente posicionada. Enfim, olhei para o dia lá fora. Um pouco nublado, mas o sol acima das nuvens. Melhor que chuva, pensei... Mas senti-me como um céu negro com uma enorme lua redonda branca dentro de mim.
Dei-me conta que os dias passam muito rápido. Tenho falado mais de desencontros do que de amor. Não tenho usado meu tempo para olhar o céu, ver aviões, pássaros, nuvens ou estrelas. Sei que é dia porque amanhece e noite porque sinto cansaço. Alguns instantes desta poesia fotografada pelo olhar têm sido para mim momentos roubados, não reservados. Queria saber se há pessoas que agendam a noite para contemplar a lua. Hoje amanheci assim, nostálgica, saudosa de não sei o que, mas com uma imensa vontade de ouvir o silêncio, sentir paz, ver apenas o que é belo, sentir amor...
Imagino que se tivesse nas mãos o controle do tempo, poderia olhar as estrelas e ver o pôr do sol, sem escapar de mim a calma. E não teria medo e nem sentiria pressa. E esse sentimento de uma lua branca imensa ocupando meu peito, não vai doer como dói agora.
Meus minutos seriam meus e não seriam roubados. Talvez ficasse mais bela e tranqüila, com a luz (geral branca) que imagino ter nos olhos, que hoje um pouco mais baixa. O silêncio de agora me causa certo temor. Quero aquele silêncio dos amantes, da ternura. Algo primaveril, colorido, que inspira o novo, o fresco, o intenso. Os dias estão passando. O sol se põe, a lua se vai e assim o mundo gira.
Não sou dona do meu tempo. O tempo é dono da minha vida. Exerce poder na minha história, abre e fecha feridas, viola minhas primaveras. Deixa-me pôr esta lua para fora! A lua de encantos, a lua dos amantes. Não seja tão implacável senhor tempo! Deixe-me apenas olhar as coisas e senti-las belas. Tal como são, ou ao menos como desejo que sejam...