quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Versos Roubados

[E a vida? E a vida o que é... Ela vem em ondas como o mar, num indo e vindo infinito. Nada do que foi será igual ao que gente viu a um segundo. Tudo muda, o tempo todo no mundo.
A vida tem sons que pra gente ouvir, precisa entender que um amor de verdade, é como canção, qualquer coisa assim, que tem seu começo, seu meio e seu fim. 
Preciso descobrir num último momento, um tempo que refaz o que desfez e quando chegar o momento, esse meu sofrimento, vou cobrar com juros, juro. 
Eu desço dessa solidão, espalho coisas sobre um chão de giz e fecho os olhos pra não ver passar o tempo, sinto falta de você.
... É um carinho guardado no cofre de um coração que voou. É um afeto deixado nas veias de um coração que ficou. É a certeza da eterna presença da vida que foi, da vida que vai.
Na madrugada, uma balada soul, um som assim meio que rock'n'roll, só me serve pra lembrar você. Qualquer canção que eu faça, tem  sua cara! Rima rica, jóia rara...Tempestade louca no Saara. O que sou... Onde vou... Tudo em vão... 
Mas é claro que o sol, vai voltar amanhã. É que em cada experiência, se aprende uma lição. Então, pra que chorar? Tem que lutar, não se abater...
Foi Deus que fez a noite e um violão plangente. Foi Deus que fez a gente, somente para amar, Só para amar, só para amar. Foi... Foi Deus!]

domingo, 27 de dezembro de 2015

Vazio

A respiração está curta. 
O cansaço é enorme, no entanto não contei 30 passos no dia.
Sinto meu corpo repleto de dor. Uma dor que entra pelos meus poros.
Os olhos ardem. A vista embaça. Os dedos afinam... Vão-se os anéis...
A aliança se perdeu... Foi-se por uma fresta que não consegui fechar.
A esperança que é a última a morrer, morreu. Enterro um futuro do pretérito. Sepulto mais uma vez um sonho... Um sonho que fiquei desembrulhando aos poucos, voltando ao forno, mudando os recheios... 
Tantas descidas, tantos perigos, tanta atenção, mas o farol falhou aos pouquinhos, até que não restasse uma faisquinha de luz.
O corpo dói como se eu estivesse muito, muito doente. O apetite se vai. As lágrimas encontram outro orifício. Choro na alma, dia e noite. Uma espécie de agonia de morte.
Não encontro rimas, nem versos, nem poesia na minha ausência. Vazio. Eco. Ninguém. A mais absoluta expressão de cárcere. Presa em mim... Nos meus 120 m2 de construção, de um apartamento mudo. 
Sem força para falar. 
Tentando um escape escrevendo. 
Atravesso o mais longo vale dos meus anos...
Só para os fortes, alguém me diz. Fortes? Fortes? 
Deus, me salve! Salva-me deste labirinto, por favor.

terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Quando você se foi

Pequena observação antes de começar a postagem: Sim, há 3 anos meu blog adormeceu... Acho que ele se furou numa roca de fiar e caiu em sono profundo. No entanto, como nada é para sempre, hoje ele desperta. Não com um beijo de príncipe, mas com a dor dilacerante, da partida de meu príncipe... Até o dia, que nos encontraremos novamente, "no tempo da delicadeza, onde não diremos nada, nada aconteceu, apenas seguirei como encantada, ao lado teu..."





Era sábado. Uma manhã calma e havia um conflito no céu. As nuvens tentando encobrir o azul, mas o azul venceu. Todos despertaram cedo neste dia mas eu, como a primogênita da manhã, já havia posto cada coisa em seu lugar. Já havia passado toda tua roupa e elas,sobre a mesa, esperavam você abrir a porta de seu quarto, respeitando sua manhã de sono. 
Estava recostada no sofá da sala, quando você passou por mim, sem camisa, a pele tenra, jovem, poucos pelos no peito e alguns mais no rosto, que indicavam, como num rito de passagem, sua transformação num jovem homem. Naqueles segundos, fiquei te admirando e te desejava em meu colo... Fiz um gesto, com o dedo indicador te chamando e você veio até mim, ainda meio resistente pelo sono. Dei-te beijos no pescoço e cochichei em seu ouvido: Eu te amo. Menino de poucas palavras, retribuiu minha declaração de amor com um pequeno beijo em meu rosto. 
Convidei você para dar um passeio em família, na feira livre, comprar hortaliças e comer pastel. Por um minuto, achei você aceitaria. Você chegou a titubear, quase disse um sim, quase... Mas o sol radiante lá fora, a sua juventude e seu espírito de aventura foram mais convincentes e sedutores que meu convite e você disse não... Ouvi em viva voz seu arranjo para aquela manhã, absolutamente linda! 
Já era quase uma da tarde. Todos haviam saído. Eu com Catarina em meus braços, na sala, em estado de gratidão, fiquei sonhando com a casa cheia de "catarinas". Sonhei com teus filhos naquela hora... Por aproximadamente meia hora, estive em contemplação, com aquela bebezinha linda em meu colo,só pensava o quanto era agraciada por Deus... 
De repente, assim, como um despertar de sonho, o interfone toca. A voz de um estranho do outro lado e tudo, daquele momento em diante, mudou. 
Você desceu, em pura emoção e adrenalina, numa velocidade impressionante. 

Você voou tão alto, tão alto, que subiu para não voltar mais. 

Meu príncipe, meu menino lindo, meu homem admirável, meu anjo.