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Amanheceu. Graças a Deus havia sol. É sábado. Para os que me conhecem não gosto de chuva em dia de sábado. Abri a janela ainda deitada na cama. Ergui os braços e puxei a veneziana. Sempre quis minha cama com a cabeceira na janela. Depois de anos dormindo num quarto onde isso não era possível, hoje a tenho estrategicamente posicionada. Enfim, olhei para o dia lá fora. Um pouco nublado, mas o sol acima das nuvens. Melhor que chuva, pensei... Mas senti-me como um céu negro com uma enorme lua redonda branca dentro de mim.
Dei-me conta que os dias passam muito rápido. Tenho falado mais de desencontros do que de amor. Não tenho usado meu tempo para olhar o céu, ver aviões, pássaros, nuvens ou estrelas. Sei que é dia porque amanhece e noite porque sinto cansaço. Alguns instantes desta poesia fotografada pelo olhar têm sido para mim momentos roubados, não reservados. Queria saber se há pessoas que agendam a noite para contemplar a lua. Hoje amanheci assim, nostálgica, saudosa de não sei o que, mas com uma imensa vontade de ouvir o silêncio, sentir paz, ver apenas o que é belo, sentir amor...
Imagino que se tivesse nas mãos o controle do tempo, poderia olhar as estrelas e ver o pôr do sol, sem escapar de mim a calma. E não teria medo e nem sentiria pressa. E esse sentimento de uma lua branca imensa ocupando meu peito, não vai doer como dói agora.
Meus minutos seriam meus e não seriam roubados. Talvez ficasse mais bela e tranqüila, com a luz (geral branca) que imagino ter nos olhos, que hoje um pouco mais baixa. O silêncio de agora me causa certo temor. Quero aquele silêncio dos amantes, da ternura. Algo primaveril, colorido, que inspira o novo, o fresco, o intenso. Os dias estão passando. O sol se põe, a lua se vai e assim o mundo gira.
Não sou dona do meu tempo. O tempo é dono da minha vida. Exerce poder na minha história, abre e fecha feridas, viola minhas primaveras. Deixa-me pôr esta lua para fora! A lua de encantos, a lua dos amantes. Não seja tão implacável senhor tempo! Deixe-me apenas olhar as coisas e senti-las belas. Tal como são, ou ao menos como desejo que sejam...
Andrea!
ResponderExcluirEstou aqui no seu blog pela primeira vez!
Os sentimentos que relata são tão intensos, tão vivos... me identifico!