sábado, 1 de agosto de 2009

Lua Branca



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Amanheceu. Graças a Deus havia sol. É sábado. Para os que me conhecem não gosto de chuva em dia de sábado. Abri a janela ainda deitada na cama. Ergui os braços e puxei a veneziana. Sempre quis minha cama com a cabeceira na janela. Depois de anos dormindo num quarto onde isso não era possível, hoje a tenho estrategicamente posicionada. Enfim, olhei para o dia lá fora. Um pouco nublado, mas o sol acima das nuvens. Melhor que chuva, pensei... Mas senti-me como um céu negro com uma enorme lua redonda branca dentro de mim.
Dei-me conta que os dias passam muito rápido. Tenho falado mais de desencontros do que de amor. Não tenho usado meu tempo para olhar o céu, ver aviões, pássaros, nuvens ou estrelas. Sei que é dia porque amanhece e noite porque sinto cansaço. Alguns instantes desta poesia fotografada pelo olhar têm sido para mim momentos roubados, não reservados. Queria saber se há pessoas que agendam a noite para contemplar a lua. Hoje amanheci assim, nostálgica, saudosa de não sei o que, mas com uma imensa vontade de ouvir o silêncio, sentir paz, ver apenas o que é belo, sentir amor...
Imagino que se tivesse nas mãos o controle do tempo, poderia olhar as estrelas e ver o pôr do sol, sem escapar de mim a calma. E não teria medo e nem sentiria pressa. E esse sentimento de uma lua branca imensa ocupando meu peito, não vai doer como dói agora.
Meus minutos seriam meus e não seriam roubados. Talvez ficasse mais bela e tranqüila, com a luz (geral branca) que imagino ter nos olhos, que hoje um pouco mais baixa. O silêncio de agora me causa certo temor. Quero aquele silêncio dos amantes, da ternura. Algo primaveril, colorido, que inspira o novo, o fresco, o intenso. Os dias estão passando. O sol se põe, a lua se vai e assim o mundo gira.
Não sou dona do meu tempo. O tempo é dono da minha vida. Exerce poder na minha história, abre e fecha feridas, viola minhas primaveras. Deixa-me pôr esta lua para fora! A lua de encantos, a lua dos amantes. Não seja tão implacável senhor tempo! Deixe-me apenas olhar as coisas e senti-las belas. Tal como são, ou ao menos como desejo que sejam...

Um comentário:

  1. Andrea!
    Estou aqui no seu blog pela primeira vez!
    Os sentimentos que relata são tão intensos, tão vivos... me identifico!

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