quarta-feira, 17 de junho de 2009

Segunda Feira



Tudo parou.
Uma espécie de feitiço paralisou minha vida
E então, meus dias ficaram enfumaçados, como um cenário de guerra.
Uma guerra longa e de duras batalhas, quase sempre perdidas...
Ora uma luta contra meus poros que se fecharam, me fazendo sentir como um corpo embalsamado, porque me recusei a morrer.
Ora uma luta contra o desespero, porque neguei a esperança.
E são muitas as noites que passo em claro, com eventuais lágrimas que teimam em escapar dos meus olhos e os malditos soluços que saem como um vômito, doendo o estômago e a garganta.
E a luta permanece com essa insistência em me matar, com os 20 cigarros que passei a consumir diariamente.
E meu coração que busca desenfreado por um amor que supere aquele nosso amor...
Um amor maior, mais profundo, mais constante, que faça de você uma simples e agradável lembrança.
Mas na madrugada, com os sinos da igreja que me fazem realizar que as horas passam, vem viva nas minhas células o teu cheiro e a tua respiração, posso até ouvir o teu coração que bate.
Não consigo desfazer da minha alma, cada momento, cada sorriso e cada conquista tua.
Fico me procurando em algum lugar do tempo e do espaço, pra ver se acho um fragmento meu onde não haja você.
É lindo se não fosse tão doloroso.
A dor de ter tido e não mais ter, de ter vivido e não mais viver.
E cada frase, cada atitude, cada pensamento, você está como uma mancha perpétua, se transformando em gripes e dores no peito, em alergias e crises de ansiedade inexplicáveis para os que moram do lado de fora...
E cada nova pessoa que passa por minha vida, me traz a esperança de superar a tentativa de amargura cruel que bate intoleravelmente no meu corpo.
Mais uma batalha vou pra guerra destemida, com sangue nos olhos... Tudo em vão, o feitiço não se desfaz e busco sem querer buscar, lutando para não lembrar, você.
As nossas músicas, que fazem parte do feitiço, tocam nas horas onde sorrio, para me roubar o instante da alegria.
E todas aquelas experiências engraçadas e tristes, que as pessoas trocam descontraídas nas mesas dos bares, me trazem na voz as nossas histórias de aventuras e de dor... Tudo maquiavelicamente, me faz reproduzir teu nome.
Rezo, peço, imploro a Deus. Faça-me amar. Amar loucamente um outro homem, um outro corpo, um outro beijo, uma outra alma, para me dar a chance de respirar, rir um riso de mulher amada, ter brilho nos olhos... Tira da minha estrada esta fumaça, do meu corpo as amarras, dos meus lábios a pronúncia calada, contida e sufocada das letras que ordenadamente correspondem ao nome que te chamam e que para mim representa felicidade.
E o tempo permanece, a semana, o mês e já quase três anos.
Não desisti ainda.
A guerra pode durar décadas, mas saiba o mundo, que apesar de tudo, não ergui a bandeira da paz.
Esta só será erguida quando meu novo amor chegar, quando feitiço acabar, porque vai acabar.
E você estará lá, num passado longe e feliz e eu vencedora e não vencida, vou sorrir, ver o sol, cantar e dormir, mesmo ouvindo os sinos que desta vez embalarão meu sono ao invés de me trazer angústia, e sem soluços, ouvirei meu coração bater e pensarei, amanhã é segunda feira.


este texto foi escrito em 2006... para uma linda e triste história de amor que vivi... Hoje passado, mas o texto cheio de sentimentos... se eternizou.

3 comentários:

  1. Você quer que eu me afogue em lágrimas? Descobri naquele dia que estavamos lendo jundos, que você tem esse dom, é quase como tirar leite de pedra. Enfumaçado e encharcado me retiro, beijos.

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  2. É, realmente perdi alguns capítulos...e minha bola de cristal devia estar com problema na placa mãe...rs...amiga, não precisa passar por isso sozinha...no meu colo sempre terá um lugar pra você...Bjussss...

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  3. É, realmente perdi alguns capítulos...e minha bola de cristal devia estar com problema na placa mãe...rs...amiga, não precisa passar por isso sozinha...no meu colo sempre terá um lugar pra você...Bjussss...

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