domingo, 27 de dezembro de 2015

Vazio

A respiração está curta. 
O cansaço é enorme, no entanto não contei 30 passos no dia.
Sinto meu corpo repleto de dor. Uma dor que entra pelos meus poros.
Os olhos ardem. A vista embaça. Os dedos afinam... Vão-se os anéis...
A aliança se perdeu... Foi-se por uma fresta que não consegui fechar.
A esperança que é a última a morrer, morreu. Enterro um futuro do pretérito. Sepulto mais uma vez um sonho... Um sonho que fiquei desembrulhando aos poucos, voltando ao forno, mudando os recheios... 
Tantas descidas, tantos perigos, tanta atenção, mas o farol falhou aos pouquinhos, até que não restasse uma faisquinha de luz.
O corpo dói como se eu estivesse muito, muito doente. O apetite se vai. As lágrimas encontram outro orifício. Choro na alma, dia e noite. Uma espécie de agonia de morte.
Não encontro rimas, nem versos, nem poesia na minha ausência. Vazio. Eco. Ninguém. A mais absoluta expressão de cárcere. Presa em mim... Nos meus 120 m2 de construção, de um apartamento mudo. 
Sem força para falar. 
Tentando um escape escrevendo. 
Atravesso o mais longo vale dos meus anos...
Só para os fortes, alguém me diz. Fortes? Fortes? 
Deus, me salve! Salva-me deste labirinto, por favor.

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