terça-feira, 3 de novembro de 2009

Revelação


Numa caminhada no bosque... Sim num bosque aqui na minha cidade, muito freqüentado por crianças porque nele há um jardim zoológico, com animais silvestres soltos, alguns velhinhos se exercitando a passos lentos, casais namorando, sombra fresca e uma brisa que cheira jaula de hipopótamo, tive uma epifania! Percebi que havia me libertado do tédio. Percebi assim, sem pensar, apenas notei. Notei que não moro mais no mesmo bairro, que não uso mais o mesmo perfume, que mudei o estilo de vida, que mudei o paladar para certos alimentos, que não aprecio mais cabelos grisalhos e agora o que conta é a elegância... Mudo constantemente o caminho para o trabalho. Neste mês já mudei 3 vezes o cabelo (tudo bem, sei que é um exagero). Não caminho mais na lagoa do taquaral, já não vou mais à mesma padaria e descobri outro posto de gasolina. Já não almoço mais aos domingos naquele restaurante tão confortavelmente conhecido por mim e minha família. Eu que andava generalista, fatalista, quase pedra bruta, resolvi redescobrir o que é único, o individual. Cada lugar é um novo lugar, com paisagens novas. Cada pessoa é única, com características únicas. Cada novo amigo é uma nova oportunidade de conhecer outra vida. Cada novo beijo, cada novo abraço... Não estou trancada entre grades, estou livre e percebi que não usufruía como deveria desta liberdade. E como é bom!!! Como é bom ver cada hora como uma hora que não volta mais, cada filme como um novo roteiro, cada notícia como uma nova notícia (apesar das fatalidades se mimetizarem) cada sorriso é um sorriso com uma emoção, assim como as dores. Mudei o esmalte, mudei o pensar... Acho que tem a ver com essa coisa dos quarenta que se aproxima.

Sou única. Não há ninguém neste mundo igual a mim. E cada árvore é uma árvore, cada animal de estimação que tive tem sua característica própria, meus filhos são diferentes, meus alunos, meus amigos... Uma sensação de liberdade tomou conta de mim. As pessoas são diferentes. Que bom!!! Vivi tantos anos e fui generalizando a vida e assim, num passe de mágica, resolvi especializá-la. Esta foi a epifania do dia 3 de novembro. Tudo é único, portanto especial e merece cuidado, justamente por não haver outro igual. Não sei se Goethe, Jesus Cristo, Santo Agostinho, Nietsche... Sei lá quem anunciou isso, mas o fato é o que eu senti hoje. Antes assim, sei de gente que morre generalizando a vida e eu a descobri rara, preciosa e merecedora de muito cuidado.

2 comentários:

  1. E sempre existirá uma coisa que só nós poderemos fazer...já pensou nisso?
    Adoro caminhar nas suas palavras!
    Bjossssss

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  2. Tua alma deve está aberta e livre, dessa forma você conhecerá um mundo novo a cada dia, dentro de ti e fora...
    Viva feliz suas descobertas.
    Beijos,

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