quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Nada fica em seu lugar


Nada fica em seu lugar.

Após dois dias de alegria inexplicável, sem razão, sem acontecimento, sem um beijo de amor ou dinheiro extra que pudesse justificá-los, percebi que já estava na hora de sair do meu inverno emocional e acompanhar a temperatura dos dias ensolarados que estamos vivendo. O inverno serve para isso mesmo, para as pessoas se recolherem, refletirem... É um momento de introspecção. Estamos todos mais agasalhados, mergulhados no nosso mundo, aguardando quentinhos, um sol que venha nos despir novamente, trazendo novas idéias, novo humor, novos horizontes.

Ontem a noite estava quente. Eu estava com o sol na mão e estrelas nos olhos.

Fui para cama depois de encontrar pessoas, ouvir música, dançar um pouco, com a mesma alegria dos dois dias atrás. Acho que antecipei minha primavera. Tem uma semente aqui dentro do meu peito começando a germinar. Na tentativa de manter a ordem no meio do caos, durante o inverno, fui avançando os dias, tentando arrumar minha cabeça como se fosse meu guarda–roupas. Como se minha mente tivesse uma gaveta para roupas íntimas muito bem arrumadinhas, separadas por cores, outra para blusinhas brancas e outra para as pretas um pouco maior (eu gosto de preto) Casacos pesados pendurados da esquerda para direita, na sequência camisas, separadas novamente por cores. Incrivelmente há apenas uma camisa preta no armário. Os vestidos e as saias estão no canto direito e entre camisas e vestidos, as calças. Na prateleira de cima, as botas. Um armário à parte para as sandálias. Última gaveta para as camisolas... Que não estão sendo usadas. Ando dormindo de pijamas. Mas minha cabeça, definitivamente, não mantém a ordem desejada! Misturo as camisolas com as botas, um horror! E a briga continuou por este longo e frio inverno (Redundância? Não. Frio mesmo, põe frio nisso). Fiquei tentando arrumar as coisas, tentando rearranjar a ordem, tentando ver alguma beleza na estética entre saias e calças. Rejeitando casacos antigos, querendo jogar fora peças de muitos invernos atrás. O problema é que esta ordem funciona muito bem para armários de roupas, despensas de alimentos, geladeiras e arquivos, mas na minha cabeça, não.

O importante é que nada ficou no lugar. Porque assim eu vou tentando sempre. Mudo a direção. Mudo as gavetas e troco as botas de lugar sempre que posso. Passo as camisolas para a gaveta de cima e desordeno as roupas íntimas. Misturo um pouco as blusas e encontro mais graça em novas combinações. Descubro que não mandei embora o vestido do último verão e anseio em usá-lo novamente!

O importante é que a temperatura sobe, o sorriso aparece, a semente sai do chão.

Ainda hoje vai chover. Talvez esfrie no feriado. Mas hoje o dia continua quente. Estou com estrelas nas mãos e o sol nos olhos. É... Nada fica em seu lugar.

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